DUAS FASES

Roberto Ribeiro De Luca

 
À memória de Elisa

Naquela fotografia, teu ledo semblante aquece-
-me o lar franciscano, prosterna deste os adornos.
Nela, um desgarre áureo, herculano, enriquece-
-te a forma esguia, as linhas, e os suaves contornos.

Nesta outra, mais atual, o receio em teus olhos
sombrios ressalta a flamância dos coadjuvantes.
Há aqui a névoa funesta dos rios, os escolhos,
a penedia abissal a ferir-te o seio em instantes.

Ambas são-me raras, absolutamente encantadas,
e as contemplo emolduradas com prazer inefável.
Mostram-me as tuas duas caras tão bem reveladas,

que o entardecer é breve…e dispensa explicação.
Fases de uma vida longa e excessivamente instável,
faces da real moeda que hoje vale um tostão…