Roberto Ribeiro De Luca
À Maria Elisabeth
Preciso comer uma salada ao menos
de flores que há em ti, todos os dias,
temperada, para a vida ter esteios.
E
uma bandeja de teus desejos,
uma terrina de tuas carícias,
uma assadeira de teus beijos.
Depois beber
boa xícara nua de teu café,
o licor raro de teus abraços fundos,
de tuas pernas o mel de laranjeira,
tão suave como a língua tua, festeira,
a resvalar pelos dedos juntos de meu pé.
Preciso, todos os dias,
deitar-me com teu hálito doce de jasmim,
as dores jubilar com amor, intensamente,
rir contigo no seio desse vasto jardim,
e banhar-me inteiro em ti, resplandecente.
Só assim aplaco a carne quente, as lidas,
a impudência - nossa cúmplice - que sacias!