O BOÇAL

Roberto Ribeiro De Luca

Pede abrigo com jactância.
Nada explica, não se desculpa.
É mendaz, de índole estulta.
Traz consigo intolerância.

Rato ardiloso, ilude a mulher.
Jura que a ama a cada segundo.
Estróina rude, compra o mundo.
Enche o prato, troca o talher.

Leza o sócio que teria lucro
com apanágios de invejoso.
O ar empertigado, brioso,
enfeza até cavalo chucro!

Profeta, vislumbra mixórdia
onde tudo está arrumado.
Asceta, obumbra o passado
que encerraria a discórdia.

Santos de missa ou de terreiro
dão-lhe postos no governo.
Para labor, está enfermo.
Para ócio, sempre inteiro!

Julga o infamante seu igual
e o elege à vereança.
É tão pedante, tão boçal!
Que culpa tem da vida mansa?