UM SONHO

Roberto Ribeiro De Luca

Num caminho estreito e acidentado que beira precipícios,
encontro por acaso teus rastros confundidos, quase apagados.
Anseio de amor prometido assalta-me o tino em suplícios
e abranda a cor dos pesados sacrifícios aí enclausurados.

Com o mapa de ti à vista, sigo a trilha sinuosa incontinente,
venço rios açodados e a frialdade dos vales, sem esmorecer.
Dias, meses, anos perpassam em tua homenagem, de repente!
E da névoa albescente, leve, tua imagem irrompe sem querer.

O lume que sai dos olhos meus ronda o eflúvio de teus seios,
qual flechas de fogo do sol girando em torno de estrelas pias.
A língua viva da tua boca é a sede sublime de Deus,

alívio etéreo para o doente agonizante em seus últimos dias.
Mato a fome num prato inteiro e fundo de fluidos teus e meus,
ficando para sempre em ti: redimido, sorrateiro, sem freios!