Poesias
O BOSQUETE

Roberto Ribeiro De Luca
A moça pega o
pincel, quer pintar,
começa um bosquete.
Ela adora bosquete de-
baixo de céu claro, fusco
ou escuro, tanto faz. Cin-
ge a hera rasteira a pau
d’arco espesso e assaz
comprido. Tristes álamos
são animados por gracio-
sas madressilvas. Quando
rapa o engenho do duro
traçado, leva grande susto,
fica muito excitada. Pinta,
pinta, pinta, sem cessar,
vergando as pernas para
não se cansar e o movi-
mento das mãos surtir me-
lhor efeito. O calor intenso
traz odores, fá-la quase sufocar.
Aperta o tubo com tanta energia, ner-
vosa, que a tinta sai forte, aos borbotões,
lambuzando-a toda, suja-lhe a blusa rosa nun-
ca usada - até os botões da saia estampada
foram manchados! Acha graça, dá gostosa
risada, limpa-se e começa outro
bosquete, a toda a pressa, tudo
de novo.
pincel, quer pintar,
começa um bosquete.
Ela adora bosquete de-
baixo de céu claro, fusco
ou escuro, tanto faz. Cin-
ge a hera rasteira a pau
d’arco espesso e assaz
comprido. Tristes álamos
são animados por gracio-
sas madressilvas. Quando
rapa o engenho do duro
traçado, leva grande susto,
fica muito excitada. Pinta,
pinta, pinta, sem cessar,
vergando as pernas para
não se cansar e o movi-
mento das mãos surtir me-
lhor efeito. O calor intenso
traz odores, fá-la quase sufocar.
Aperta o tubo com tanta energia, ner-
vosa, que a tinta sai forte, aos borbotões,
lambuzando-a toda, suja-lhe a blusa rosa nun-
ca usada - até os botões da saia estampada
foram manchados! Acha graça, dá gostosa
risada, limpa-se e começa outro
bosquete, a toda a pressa, tudo
de novo.